sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

É Fácil Falar

Analise: Quantos problemas você enfrenta todos os dias, desde o momento em que você acorda, até o momento em que você vai dormir? Quantos caminhos você tem que escolher? Quantas coisas você tem que optar fazer ou não? Quantas lágrimas você derrama em determinados momentos?
Agora pense: Quantas pessoas te dão apoio quando você precisa? Quantos amigos ficam do seu lado quando você precisa de ombro, de colo? E na sua família, quantas pessoas ouvem - mas realmente ouvem - o que você tem a dizer, ouvem suas lamentações?
Ser bom ouvinte e bom conselheiro, é uma dádiva! Não é qualquer pessoa que consegue sentar, ouvir tudo o que você tem a dizer e que se propõe a resolver junto com você o seu problema; ainda que o outro não consiga resolver nada por você e que não consiga fazer a sua dor passar, só ter aquela pessoa ali, do seu lado, te ouvindo e te oferecendo colo já é a melhor coisa do Mundo.
Mas quantas pessoas sabem fazer isso? Quantas pessoas tem a sensibilidade de entender e respeitar o seu momento? Quem consegue entender o seu momento e entender que no momento da dor, você não quer um choque de realidade? Por mais que você já saiba da realidade, naquele momento, você só quer curtir a sua dor, você só quer uma companhia para te amparar e não que alguém fique ao seu lado dizendo 'eu te avisei' ou 'essa não é a sua primeira desilusão e nem vai ser a última'.
Sim, cada pessoa tem uma maneira de confortar o outro; porém, saber calar-se em alguns momentos, é essencial. Afinal de contas, a última coisa que alguém em pleno sofrimento quer ouvir é: 'Ah para de frescura! Você faz disso um evento, parece até que morreu alguém.'
Quem está de fora e que não tem a tal sensibilidade citada anteriormente, não sabe que REALMENTE para você tudo que está acontecendo é um evento sim, um tremendo evento! É a sua vida, ora bolas; aconteceu algo com você, você tem sentimentos e está sofrendo... E sim, morreu alguém! Um pedaço seu morreu, um pedaço seu está despedaçado; seja lá por qual motivo for.
Quando algumas pessoas dizem 'pra quem está de fora é fácil falar', é a mais pura verdade! Se você não tem envolvimento nenhum naquela situação toda, você dá milhões de opiniões e a maioria delas só fere ainda mais alguém que já está sofrendo horrores!
Por que a gente não aprende que uma pessoa em sofrimento não quer nada mais do que um colo para chorar? Muitas vezes ela nem precisa de palavras bonitas, de grandes filosofias, de grandes conselhos... Ela só precisa que você pegue na mão dela e diga: 'Estou aqui, conta comigo para o que precisar. Chora, coloca tudo para fora e saiba que meu ombro está a disposição.'
Sofrer não é frescura, sofrer não é fazer tempestade em copo d'água... Uns sofrem de uma maneira, outros sofrem de outra; algumas pessoas são mais intensas que as outras, é simples!
Temos que aprender a respeitar as especificidades - além de aprender a respeitar o espaço - dos outros; podemos ter maneiras de pensar bem parecidas às vezes, o que leva a aproximação de essa ou aquela pessoa, mas não somos iguais, não pensamos da mesma maneira, não agimos da mesma maneira, não sofremos da mesma maneira.
Passou da hora de aprender que calar e simplesmente ouvir, pode ser um santo remédio e uma ajuda imensurável ao outro; sim, é fácil falar, difícil mesmo é saber ouvir!

terça-feira, 4 de outubro de 2011

É Impossível Ser Feliz Sozinho

Será mesmo impossível? Quanto tempo a gente perde procurando por alguém que preencha esse eterno vazio que a gente não cansa de sentir e cultivar? Quantas coisas poderíamos fazer durante esse tempo, se não estivéssemos nessa busca louca e desenfreada pelo parceiro (a) ideal?
Tomemos, então como ponto de partida essa ilusão de que o parceiro (a) ideal realmente existe...
Sim, ilusão! Por que achamos que a nossa felicidade e a solução de todos os nossos problemas encontra-se no outro?
Ora, já passou demais o momento de aprendermos que nossa felicidade se encontra dentro de nós e somos os únicos capazes de promover - e manter verdadeiramente - nossa felicidade.
Veja, se estivermos do lado do grande amor de nossas vidas, mas algo estiver errado, se não estivermos bem resolvidos com nossos próprios sentimentos, aquela que julgamos ser a pessoa mais especial do Mundo, vai fazer das tripas-coração e não vai arrancar de nós um mísero sorriso sincero.
Mulheres - infelizmente - têm essa grande 'mania' de achar que só serão felizes se encontrarem alguém, se esse alguém jurar a ela amor eterno e eles viverem felizes para sempre.
Será que os sonhos de menina já não deveriam ter sido deixados para trás? 
Contos de fadas não existem no mundo real e o príncipe encantado vem com manias, defeitos, ciúmes, reclamações e contas para pagar!
Não, não faço campanha para que todos morram secos e sozinhos... Longe de mim! Respeito os sonhos e aspirações de todos, mas somos adultos e inteligentes o suficiente para saber que nem tudo são flores, pássaros, amores e que não há canções de desenhos da Disney, ao fundo para embalar nossas vidas!
Outro problema inerente à mulher: ela casa, não é plenamente feliz no casamento - porque deposita expectativas demais em alguém que não será capaz de retribuir - e achando que vai salvar seu casamento e também sentir-se completa, ela decide por bem, que será mãe.
Combinação bombástica: ilusões+casamento infeliz+gravidez.
Um filho não une um casal! Foi-se o tempo em que uma criança conseguia prender uma pessoa a outra; se o casamento vai mal, um filho vai afastar mais ainda, pois a mulher vai passar a dedicar 24h do seu tempo e do seu dia a criança e o homem não vai ter a atenção dela como antes, nunca mais!
Por isso, também, uma relação deve ser completamente estável, solidificada para receber uma criança.
O grande problema é que tentamos preencher um espaço que jamais será preenchido: o vazio da existência... Simples assim!
Viva sua vida sem pressa de nada, sem atropelar nada, pensando um pouco mais em você e no que você quer de verdade e naqueles que REALMENTE te querem bem... O restante se ajeita!
Sim, é possível ser feliz sem um parceiro (a); mas é impossível ser feliz sem estar bem consigo mesmo e sem ter o amor daqueles que valem a pena realmente - amigos e família, enfim - , aqueles que te fazem bem DE VERDADE e que nada esperam de você, além dos seus sorrisos!!

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A Distância


“A distância aproxima e fortalece os verdadeiros amores e faz cair por terra os leves entusiasmos.”
Célebre frase... De uma pessoa muito querida e muito inteligente, para dar início a presente reflexão.
Acredito que a tão temida distância tenha sido, ao longo do tempo, principal tema de reflexão – depois da saudade e do amor não correspondido – dos poetas, Mundo afora.
Mas por que a distância é algo que assusta tanto e que consegue acabar com tantos sonhos?
Imaginemos a seguinte situação: um casal se conhece, se entusiasma, o sentimento começa a surgir e eles esquecem de todo o resto, nada parece ser empecilho ( e realmente, nada é empecilho)... De repente, como se ambos acordassem de um sonho bom, deixam-se abater pela distância.
E é algo que vem com tanta força que, aos poucos, vai fazendo com que uma história linda, seja jogada fora antes mesmo de se concretizar e transforme-se em frustração.
Mas uma pergunta: Por que, essa mesma distância, aproxima tanto os amigos?
Afinal de contas, nada há de diferente na distância. Será que as bases desses sentimentos é que são diferentes – uma mais sólida e a outra menos?
Acredito que, quando tratamos de um relacionamento amoroso, existe muito mais do que o medo de ficar longe da pessoa que se ama; vai além somente da carência ou da necessidade de ter por perto a todo tempo essa mesma pessoa.. Acredito, na verdade, que tenha a ver com insegurança ou com medo de ter longe dos olhos esse alguém!
Insegurança e/ou falta de confiança em si mesmo e no outro. E se for assim, realmente nada consegue se sustentar por muito tempo!
Não adianta dizer que relacionamento a distância não existe ou que não aceita ou que não consegue... Quando algo tem que ser, não tem jeito, a distância vira um grão de areia!
Reflita, pense em quantas histórias felizes você já ouviu por aí, quantos finais felizes, de pessoas que durante um período (pelos mais diversos motivos), tiveram que manter um relacionamento assim, a distância. Exemplos não faltam.
Pode dar certo sim e dá certo quando há interesse de ambas as partes para que dê certo; e para além, quando há sentimento – real sentimento – envolvido e envolvendo essas duas pessoas.
A distância é, somente, mais um obstáculo, mais uma prova posta àqueles que se amam (e aqui falando de todas as formas de amor).
Se você desistir em qualquer obstáculo, nunca conseguirá ser feliz; se não tentar, nunca saberá o que poderia ter acontecido.
Fato é que, quando lutamos pelo que queremos, por mais difícil ou impossível que possa parecer, se lutarmos com garra e vontade, sem desanimar, a vida dá um jeito e coloca tudo no lugar.
Distância? Coisa insignificante! 

quinta-feira, 21 de julho de 2011

A você, Homem de Ferro

A gente se desentende, não concorda em algumas coisas, ele me olha torto às vezes, ele sempre diz que eu nunca ponho em prática as ideias que ele me dá e por termos personalidade forte, batemos de frente algumas vezes...


Mas sabe o que isso tudo quer dizer? AMOR!

Quando eu era criança e ele me olhava de cara feia, eu morria de medo e chorava desesperadamente (porque já sabia que eu derretia o coração dele quando chorava); a medida que eu fui crescendo e nosso diálogo foi se modificando, esse medo se transformou num respeito que não há como mensurar.

Aliás, ele sempre foi o meu herói, mesmo nos tempos de criança quando ele brigava comigo pelos gastos abusivos ou por começar a namorar cedo demais ou por usar short curto demais ou adorar usar decote desde muito nova ou por querer pintar o cabelo de loiro aos 8 anos de idade...

Ao longo do tempo, eu fui cada vez mais o respeitando, o admirando, correndo pro seu colo quando algo dava errado ou eu precisava de um conselho antes de tomar uma decisão (mesmo não colocando em prática, como ele mesmo diz e já foi citado anteriormente)...

Nunca imaginei que, com todo o ciúme que ele sempre sentiu de mim, eu o ouviria dizer: "Minha filha, você tem que namorar! Eu quero que você ganhe abraços masculinos que não sejam os meus"


Nunca imaginei conversar com ele tudo que converso e nem ter a confiança que tenho... Por diversas vezes, confidencio a ele coisas que não falo para mais ninguém, pois sei de sua sensibilidade na hora de exprimir a sua opinião, ainda mais quando o assunto em questão, me machuca de alguma maneira.

Jamais vou esquecer a maneira como ele me olhou nos momentos mais importantes da minha vida: quando passei para uma Faculdade Federal , quando consegui meu primeiro Estágio, quando consegui o primeiro emprego , quando comecei a dirigir e ele sentou no banco do carona, quando caminhamos juntos na praia e conversamos sobre o futuro (algo que ele sempre sonhou em fazer), quando ele entrou junto comigo na minha primeira casa pela primeira vez...

E também não vou esquecer o pesar no seu rosto quando ele diz: "Filha, se você tiver que ir pra longe atrás da sua realização profissional, eu vou entender. Vou sentir sua falta, mas é a sua vida! Se você quiser que eu vá junto, eu vou, mas se não, eu entenderei!"

Pra mim, ele é um homem de ferro (apesar de ser só sentimentos), de garra, de muitos sonhos e muitas conquistas, é meu alicerce...

Ele deixou de ser meu pai há muito tempo e passou a ser o meu melhor e maior amigo!

Eu sei bem o que tudo que eu escrevo causa nele, aliás sinto sua felicidade e orgulho quando lê o que eu escrevo... E sei que quando ele ler esse texto, não vai ser diferente!


Também sei que, ao final, ele vai chorar e vai dizer que eu sou boba por tê-lo feito chorar!

A gente ainda tem muito sonho para realizar juntos... Afinal de contas, eu ainda quero ver você brincar e ensinar coisa errada para os meus filhos.

Mas o que eu quero que você saiba e que não esqueça jamais, mesmo nos momentos de crise ou se eu estiver longe e não puder te ver todos os dias ou te ligar todos os dias, é que eu te amo demais! E mesmo que eu vá para longe, eu estarei sempre por perto em espírito!

Você é, sem dúvida nenhuma, o melhor pai do Mundo!
 
Agradeço por ter aceitado a escolha que eu fiz, quando escolhi ser sua filha e por ter contribuído para que eu me tornasse a pessoa que eu sou hoje!


Te amo, MEU HERÓI!

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Quando Chega a Hora

Começo com uma pergunta: você se sente forte o suficiente para amar alguém?
Acredito que essa pergunta deveria ser feita a cada início de relacionamento ou na fase mais inicial mesmo, quando o interesse começa a surgir.
Pecamos por sermos muito apressados, por querermos que tudo aconteça no nosso tempo, que seja para ontem...
Nada feito com pressa dá certo. Não dá certo porque você não se prepara para um sentimento que envolve tantas coisas, tanta doação e tanta intensidade.
Exato! É isso que o amor é: Intensidade!
O amor se diferencia de todos os outros sentimentos por conta disso... Afinal, diga, qual outro sentimento é vivido tão intensamente e envolve tantos outros sentimentos quanto, o já citado amor?
Sim, sei que somos seres humanos, passíveis de erros... Porém, não nos apaixonamos ou amamos alguém somente uma vez na vida.
Veja, amamos VERDADEIRAMENTE, somente uma vez; mas fazemos ensaios até que a pessoa certa chegue em nossas vidas.
O que não paramos para analisar, é nosso grau de maturidade na vida em geral... Não paramos para analisar tudo que já nos aconteceu antes, em outros relacionamentos e ainda, não fazemos um 'auto-questionamento', a fim de sabermos o que deve ser mudado, o que deve ser feito de maneira diferente. Afinal, sempre há o que mudar e o que melhorar!
Temos pressa, como já falado anteriormente... E temos muita pressa, queremos que a pessoa certa apareça num piscar de olhos, queremos encontrá-la na fila do pão ou na pracinha quando vamos passear com o cachorro...
Quem dita as regras da sua vida, não é você! Você pode até ter um certo controle da situação - e realmente o tem, afinal de contas, Deus nos deu livre arbítrio - porém, não controlamos completamente a situação; se controlássemos, escolheríamos quando nos apaixonaríamos, por quem nos apaixonaríamos e assim por diante.
Analisemos o quão complexa é uma relação a dois: vocês são duas pessoas diferentes, com realidades diferentes, criações e valores diferentes, pensam diferente em diversos sentidos... Uma das únicas coisas que vocês têm em comum, é a vontade de ficar juntos e construir algo juntos.
Se você não estiver maduro o suficiente, na primeira dificuldade, você desiste de tudo. 
Obviamente, as dificuldades virão! Afinal, vivemos num mundo de provas e sendo assim, passamos por bons e maus momentos. 
Os maus momentos existem (além de existirem para o amadurecimento de cada um), para testar os relacionamentos em geral! Nesse momento, se a compreensão não for enorme, o companheirismo e acima de tudo, o amadurecimento, joga-se tudo para o alto.
Sofrível, certamente! 
O que nos falta, é saber esperar pelo momento certo. O exercício da paciência, é algo extremamente difícil para todos nós.
Deus enxerga o seu coração e conhece a todos nós melhor do que nós mesmos. Ele sabe o momento certo de colocar a pessoa certa em nossos caminhos.
Não adianta querer atropelar o tempo, nem desesperar-se e muito menos gritar aos sete mares que não tem sorte no amor, somente porque todos os seus relacionamentos anteriores não deram certo: foram apenas ensaios!
Não deixe de acreditar em um sentimento tão bonito quanto esse. Em certos momentos, pode ser complicado, mas nem por isso deixe de acreditar que o amor existe e que chega para todos, de alguma forma.
Quando chega a hora, você simplesmente sabe. Seu coração é tocado de maneira diferente, os sentimentos são diferentes e você sente toda aquela intensidade, vontade... Mas mantem os pés no chão e sabe por quais caminhos deve seguir.
E então: você está pronto para amar alguém?

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O Cravo não brigou com a Rosa


Chegamos ao limite da insanidade da onda do politicamente correto.
Soube dia desses que as crianças, nas creches e escolas, não cantam mais O cravo brigou com a rosa. A explicação da professora do filho de um camarada foi comovente: a briga entre o cravo - o homem - e a rosa - a mulher - estimula a violência entre os casais. Na nova letra "o cravo encontrou a rosa debaixo de uma sacada/o cravo ficou feliz /e a rosa ficou encantada".

Que diabos é isso? O próximo passo é enquadrar o cravo na Lei Maria da Penha. 
Será que esses doidos sabem que O cravo brigou com a rosa faz parte de uma suíte de 16 peças que Villa Lobos criou a partir de temas recolhidos no folclore brasileiro?

É Villa Lobos, cacete!

Outra música infantil que mudou de letra foi Samba Lelê. Na versão da minha infância o negócio era o seguinte: Samba Lelê tá doente/ Tá com a cabeça quebrada/ Samba Lelê precisava/ É de umas boas palmadas. A palmada na bunda está proibida. Incita a violência contra a menina Lelê. A tia do maternal agora ensina assim: Samba Lelê tá doente/ Com uma febre malvada/ Assim que a febre passar/ A Lelê vai estudar.

Se eu fosse a Lelê, com uma versão dessas, torcia pra febre não passar nunca. Os amigos sabem de quem é Samba Lelê? Villa Lobos de novo. Podiam até registrar a parceria. Ficaria assim: Samba Lelê, de Heitor Villa Lobos e Tia Nilda do Jardim Escola Criança Feliz.

Comunico também que não se pode mais atirar o pau no gato, já que a música desperta nas crianças o desejo de maltratar os bichinhos. Quem entra na roda dança, nos dias atuais, não pode mais ter sete namorados para se casar com um. Sete namorados é coisa de menina fácil. 
Ninguém mais é pobre ou rico de marré-de-si, para não despertar na garotada o sentido da desigualdade social entre os homens.

Dia desses alguém [não me lembro exatamente quem se saiu com essa e não procurei a referência no meu babalorixá virtual, Pai Google da Aruanda] foi espinafrado porque disse que ecologia era, nos anos setenta, coisa de viado. Qual é o problema da frase? Ecologia, de fato, era vista como coisa de viado. Eu imagino se meu avô, com a alma de cangaceiro que possuía, soubesse, em mil novecentos e setenta e poucos, que algum filho estava militando na causa da preservação do mico leão dourado, em defesa das bromélias o u coisa que o valha. Bicha louca, diria o velho.

Vivemos tempos de não me toques que eu magôo. Quer dizer que ninguém mais pode usar a expressão coisa de viado ? Que me desculpem os paladinos da cartilha da correção, mas isso é uma tremenda babaquice. O politicamente correto é a sepultura do bom humor, da criatividade, da boa sacanagem. A expressão coisa de viado não é, nem a pau (sem duplo sentido), ofensa a bicha alguma.

Daqui a pouco só chamaremos o anão - o popular pintor de roda-pé ou leão de chácara de baile infantil - de deficiente vertical . O crioulo - vulgo picolé de asfalto ou bola sete (depende do peso) - só pode ser chamado de afrodescendente. O branquelo - o famoso branco azedo ou Omo total - é um cidadão caucasiano desprovido de pigmentação mais evidente. A mulher feia - aquela que nasceu pelo avesso, a soldado do quinto batalhão de artilharia pesada, também conhecida como o rascunho do mapa do inferno - é apenas a dona de um padrão divergente dos preceitos estéticos da contemporaneidade. O gordo - outrora conhecido como rolha de poço, chupeta do Vesúvio, Orca, baleia assassina e bujão - é o cidadão que está fora do peso ideal. O magricela não pode ser chamado de morto de fome, pau de virar tripa e Olívia Palito. O careca não é mais o aeroporto de mosquito, tobogã de piolho e pouca telha.

Nas aulas sobre o barroco mineiro, não poderei mais citar o Aleijadinho. Direi o seguinte: o escultor Antônio Francisco Lisboa tinha necessidades especiais... Não dá. O politicamente correto também gera a morte do apelido, essa tradição fabulosa do Brasil.

O recente Estatuto do Torcedor quer, com os olhos gordos na Copa e 2014, disciplinar as manifestações das torcidas de futebol. Ao invés de mandar o juiz pra putaqueopariu e o centroavante pereba tomar no olho do cu, cantaremos nas arquibancadas o allegro da Nona Sinfonia de Beethoven, entremeado pelo coro de Jesus, alegria dos homens, do velho Bach.

Falei em velho Bach e me lembrei de outra. A velhice não existe mais. O sujeito cheio de pelancas, doente, acabado, o famoso pé na cova, aquele que dobrou o Cabo da Boa Esperança, o cliente do seguro funeral, o popular tá mais pra lá do que pra cá, já tem motivos para sorrir na beira da sepultura. A velhice agora é simplesmente a "melhor idade".

Se Deus quiser morreremos, todos, gozando da mais perfeita saúde. Defuntos? Não. 
Seremos os inquilinos do condomínio Cidade do pé junto.

(Luiz Antônio Simas é Mestre em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e professor de História do ensino médio).

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Catástrofes Naturais

Quando somos mais jovens, sim ainda mais jovens do que somos hoje, temos tantas aspirações e sonhos e vontades e desejos...
Obviamente, dentre essas vontades e sonhos, encontra-se a vontade de apaixonar-se, de encontrar alguém e passar toda uma vida juntos; viver uma relação como era a dos nossos avós ou dos nossos pais ou até mesmo daqueles vizinhos que pareciam sempre ter visto passarinhos verdes todas as manhãs.
E quando falavam do amor com você, falavam maravilhas sobre ele: diziam que era especial, que o momento de encontro com a pessoa amada era mágico ou que ouviam-se sinos ao beijar alguém especial...
Eram tantas coisas e nós acreditávamos em tudo isso, fazíamos disso a nossa maior verdade e assim, alimentávamos ainda mais o sonho de conhecer o famoso ‘Príncipe Encantado’ (aqui falando das meninas).
As mulheres, em especial, sonham em encontrar um cara carinhoso, atencioso, bonito, que sempre as olhe como se fosse a primeira vez, que as conquiste todos os dias, a cada gesto e a cada palavra carinhosa...
Dia desses, uma amiga disse que procurava um cara hétero, rico, carinhoso, inteligente, fiel, companheiro, bonito e com pouco tempo de uso (além de tudo, viramos automóveis?).
Sim, ela busca o impossível!
Aí se encontra o grande erro do ser humano com relação ao amor: crescemos, mas não abandonamos nossos sonhos e ilusões de criança.
E não falo em ilusão de criança por achar que nenhum homem possa ter todas essas qualidades. Mas porque passamos a vida procurando por alguém que não existe, porque a pessoa perfeita, aquela que existe nos nossos sonhos, não existe!
O amor não é tudo aquilo que nos contavam quando éramos crianças, mas em nosso âmago, ainda esperamos que ele seja daquela maneira que nossas avós nos falavam.
Acredito que maior ainda do que não abandonarmos nossos sonhos de criança, seja o fato de depositarmos a nossa felicidade em outra pessoa; a única pessoa capaz de fazer você feliz, é você mesmo.
Acabamos criando expectativas demais e depositando em alguém, que por diversas vezes, não está preparado para tal e nos frustramos.
O amor (não falo aqui de todo tipo de amor), por si só já é um desastre: um desastre de sentimentos, principalmente. E por conta disso, tudo que o envolve, acaba tornando-se um desastre ainda maior, formando assim a conhecida ‘bola de neve’.
Fato é, que quando nos apaixonamos por alguém, não estamos maduros o suficiente, mas acreditamos estar preparados para toda aquela chuva de sentimentos e de problemas que vêm juntamente com o relacionamento.
De repente, vemos tudo dar errado, sem saber que caminho seguir, sem saber onde pedir ajuda e nos vemos ‘tentando fazer dar certo’.
Ora, se você chegou na fase de ‘tentar fazer dar certo’, é a hora de pular fora dessa canoa furada. E aí mora nossa falta de perspicácia.
Muitas vezes, relacionamentos que costumavam ser ótimos, começam a naufragar e as duas pessoas envolvidas, ficam ‘tentando fazer dar certo’ e acabam tornando-se os piores inimigos do mundo.
Será que se, existisse esse olhar diferente e essas pessoas dissessem: ‘Esse é o meu limite! Daqui eu não sigo mais’, o desastre pudesse ser menor?
Talvez sim! Mas só saberíamos se pudéssemos colocar isso em prática e na verdade, não podemos.
E não podemos não por sermos incapazes, mas porque não acreditamos que podemos ser felizes sozinhos.
A melhor pessoa do mundo pra você, é você mesmo e ainda assim, em alguns momentos você se trai, se engana, se negligencia, por que, então, outra pessoa que não tem ligação nenhuma com você, faria diferente?
O amor sempre vai ferir, sempre vai enganar, sempre vai fazer sofrer, em um momento ou outro. Resta saber conviver com isso ou então, esquecer que esse sentimento existe e aprender a viver só.
Reclamar, esbravejar e dizer que não tem sorte, não vai levar ninguém a um caminho diferente, só vai fazer com que as pessoas cansem te ouvir e se afastem.
Você só vai traçar um caminho diferente, se quiser que seja diferente!
Aprender a defender-se é o que devemos fazer; armar-se contra o que não nos faz bem e contra quem não nos faz bem.
Como dizia Renato Russo: “Sou tão cínico às vezes, mas o tempo todo estou tentando me defender.”
Esse é o retrato de alguém que foi machucado, ferido, magoado, mas que aprendeu a conviver com a dor e usou as pedras do caminho para construir uma muralha intransponível.
Não digo fechar-se para o mundo, mas aprender a lidar com sentimentos que, na verdade, pouco conhecemos.
Armar-se, defender-se, conhecer-se... Isso não impedirá que furacões, terremotos e tsunamis passem pela sua vida, mas fará com que sejam bem menos devastadores.


segunda-feira, 9 de maio de 2011

Tempos de Mudança

Há alguns dias atrás, eu conversava com uma senhora e falávamos sobre mudanças; ela me falava sobre a necessidade que o ser humano tem de mudar sempre alguma coisa na vida e eu perguntei a ela o que ela mudaria na vida dela, nesse momento.
Ela riu e disse que não mudaria nada, porque na idade dela, não há o que mudar; disse ainda que a idade das mudanças, é a minha, após isso, ficamos somente esperando as coisas acontecerem com resignação.
Por que essa certeza de que nada pode mudar após um certo tempo? Existe idade para mudar?
E por que essa eterna busca pelo novo? Será que precisamos mesmo de mudanças constantes?
O que fica aparente é que nunca estamos realmente satisfeitos ou felizes com o que temos em nossas vidas e estamos sempre procurando algo que nos leve em uma nova direção.
Não me parece ser insatisfação ou infelicidade, como queiram... Vejo nossas vidas como livros, onde os capítulos são escritos a medida que escolhemos o caminho certo a seguir, para onde ir, que mudanças fazer!
Em alguns momentos, achamos que não estamos preparados para mudanças, em outros precisamos delas de maneira quase absurda.
O medo de mudar, nada mais é, do que medo do desconhecido. Afinal de contas, o que existe depois da curva?
Existem momentos nas nossas vidas, em que ficamos muito presos ao passado, questionando, analisando, pensando sobre o que teria acontecido, se tivéssemos agido de outra maneira. Ficamos mergulhados durante longos períodos em nosso passado, até que em algum momento, percebemos que é hora de seguir em frente e fazer tudo diferente; Eis aí, a primeira e mais importante mudança da vida: a mudança interior.
De repente percebemos, que passamos tanto tempo presos a uma lembrança passada e as pessoas mudaram, as paisagens mudaram, as circunstâncias mudaram... E então, você decide fazer uma análise íntima e percebe, que você também mudou, mesmo que só um pouco. 
A partir disso, você decide fazer uma revolução na sua vida e vê que o céu é o limite para tantas coisas que você imagina fazer e quer fazer; Você, então, percebe quanto tempo perdeu e se dá conta que a mudança é uma lei natural da vida e quem fica olhando somente para o passado ou preocupado com o presente, acaba sendo esquecido no futuro.
Oportunidades perdidas? Várias!
Novas oportunidades? Milhares!
Basta abrir os olhos para elas... Oportunidades sempre existirão, basta estarmos atentos a elas.
A partir dessa reforma íntima, começamos a querer mudar tudo a nossa volta... Então, mude!
Mude os móveis de lugar, mude a cor do cabelo, mude a cor do esmalte, mude sua cor preferida, mude de amigos se os que você tem não te fazem bem, mude de cidade se for conveniente, mude!
Jogue fora o que já não te serve mais... Abra o armário e veja quanta coisa você guardou e que não precisa!
Abra, principalmente, o armário do seu coração e livre-se de todos os sentimentos que já não são mais convenientes a sua nova forma de viver e de enxergar o mundo!
Temos que parar de ter medo da vida, parar de achar que há idade para tudo, parar de achar que as pessoas vão nos olhar diferente se fizermos algo que a sociedade julga errado...
Como já dizia Platão: "A real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz."
As mudanças são a luz das nossas vidas, são elas que anunciam novos tempos, tempos melhores, tempos de renovação...
Esqueça o que passou, apague o caso antigo para que você possa escrever um novo caso. 
Para ser compreendida, a vida deve ser vivida olhando, sim o que passou, mas só pode ser vivida olhando-se para frente.
O livro da vida é enorme, mas se você não se desvincular de seu passado, faltarão páginas para você escrever seu futuro!
Mude! Seja lá o que for, mas mude.
Quanto aquela senhora citada no início do texto, após horas de conversa, eu a convenci de que nunca era tarde demais para mudar e para começar um novo projeto ou para fazer novos planos. A partir da nossa conversa, ela decidiu matricular-se em um curso de informática, dizendo que pretendia atualizar-se e que queria voltar a estudar e quem sabe prestar vestibular.
O que vale em nossas vidas, não é o ponto de partida ou o ponto de chegada, mas a caminhada, as escolhas que fazemos e a sabedoria para tomarmos um novo rumo em meio a sombrias aflições, pois das nuvens mais negras, caem águas límpidas e fecundas.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O Município da Fantasia


Existe Um lugar na Região dos Lagos onde vivemos uma verdadeira estória de contos de fadas.
O nome deste município é RIO DAS OSTRAS.
Os orgãos governamentais do município veiculam na mídia que aqui é lugar de gente feliz e que se governa com responsabilidade;
Em Rio das Ostras tudo parece perfeito  mas é apenas maquiagem.
Vejamos os fatos:
ÁREA DA SAÚDE:
- O hospital municipal tem boa aparência externa, porém, faltam médicos das mais diferentes especialidades. Os outros profissionais estão optando por desligarem-se do hospital por falta de condições mínimas de trabalho;
- No pronto socorro municipal as condições são ainda piores: faltam médicos, enfermeiros e medicamentos para os doentes. Faltam lençóis para as camas.
As camas estão sendo cobertas com um tecido sintético ( TNT ) devido á falta de lençóis;
-  Foram recebidas do governo do estado mais 5 ambulâncias,porém, não há equipe de suporte suficiente para as mesmas ; faltam motoristas,enfermeiros e motociclistas para o pronto atendimento á população;
- Nos postos de atendimento dos bairros a situação é ainda mais crítica, pois, faltam tanto profissionais quanto medicamentos para o atendimento á população;
- O município tem inúmeros casos de tuberculose e isto não é informado à população;
- Existem também inúmeros casos de dengue no município e faltam ações efetivas para eliminarem os focos de mosquitos: existem muitos terrenos vazios sem limpeza das áreas e as ruas estão cheias de mato;
- Os serviços de varreduras de ruas só ocorrem com frequencia nos bairros do centro;
- A população quadruplicou de 2006 para 2010 passando de 25 mil habitantes para mais de 100 mil habitantes e a coleta de lixo que antes era diária passou a ocorrer em dias alternados, além de não haver mais coleta de lixo nos finais de semana.

 ÁREA DA EDUCAÇÃO:
- Existe uma Faculdade Federal no Município ( UFF ) com mais de  1200 estudantes divididos em apenas 12 salas de aula. Parte dessas salas são conteiners adaptados e transformados em salas de aula. Esta situação já é antiga, pois a prefeitura não repassa a  verba necessária à sua contrapartida para a construção de novas salas;
- Os professores bolsistas não estão mais comparecendo à Universidade e os demais funcionários das áreas administrativas, também pretendem parar, pois meses a Prefeitura deixou de repassar a verba para pagamentos dos salários destes profissionais;
- O município deveria reconhecer a importância desta Universidade para o desenvolvimento de Rio das Ostras, pois, foi devido a existência desta Universidade que muitas famílias e novos profissionais vieram residir em nossa cidade;
- A prefeitura não disponibiliza vagas de estágios suficientes para o desenvolvimento profissional desses estudantes. Há que se registrar que neste município os estágios são não-remunerados, apesar de existir  uma lei determinando que os mesmos sejam remunerados;
- Em dias de chuva fica impraticável o acesso aquela Universidade: a rua é de terra e com o volume de veículos transitando a situação torna-se crítica;
Devemos ressaltar que outras ruas próximas á universidade e que são totalmente residenciais já possuem asfalto e rede de esgotos;
- Os alunos ficam expostos a violências e assaltos principalmente á noite, pois não há policiamento ostensivo para protege-los e a iluminação pública no entorno da Universidade é insuficiente;
- A travessia da Amaral Peixoto em frente á faculdade é perigosíssima, pois o fluxo de veículos é intenso. Os alunos são obrigados a se aventurarem atravessando correndo a avenida, visto que não existe um sinal de transito naquele local para tornar este cruzamento mais seguro.

ÁREA DA SEGURANÇA PÚBLICA :
- O numero de casos de estupro é elevadíssimo: somos o 4º município em numero de casos de estupros no nosso estado;
- Os casos de assaltos a bancos, residências e transeuntes tornaram-se uma rotina em nosso município sem que ações efetivas sejam tomadas para combate-los;
- Apesar de sermos um município com mais de 100 mil habitantes não temos em nossa cidade nem um batalhão da Polícia Militar e nem um quartel do Corpo de Bombeiros;
- Temos conhecimento de vários casos de desova de corpos no bairro Mariléia  mas nada é feito para coibir tais fatos.

ÁREA DE INFRA ESTRUTURA :
- A rua da orla da praia no trecho entre a Praia da Tartaruga e a praça principal está há mais de 5 anos para ser asfaltada e o trabalho não é concluído. Da mesma forma a avenida da orla da Praia de Costa Azul no trecho entre o emissário submarino e a Lagoa da Coca-Cola está também há mais de 5 anos aguardando a chegada do asfalto.
- O Bairro Operário fica praticamente submerso quando chove forte apesar de promessas de campanha de que os alagamentos acabariam naquele bairro;
- A ligação entre Rio das Ostras e Macaé está piorando a cada dia devido ao aumento do fluxo de veículos. A duplicação da Rodovia Amaral Peixoto na ligação dos dois municípios não sai do papel, apesar da existência de verba estadual já aprovada para duplicação daquele trecho da rodovia.

A PEERGUNTA QUE FICA É : PORQUE NA DA DISSO É VEICULADO NA MÍDIA ?
A resposta é muito simples : TODA A MÍDIA LOCAL É CONTROLADA PELA PREFEITURA.
A rádio local só relata as boas notícias;
Os 2 jornais do município só podem dar notícias positivas.
Tudo isso para que os visitantes tenham a imagem de que este município é maravilhoso e que tudo aqui é perfeito.
ATÉ QUANDO TEREMOS QUE CONVIVER COM ESTA FARSA ?
Precisamos de um governo municipal sério e responsável para que os problemas de nosso município possam ser efetivamente eliminados e que possamos viver em paz e com a qualidade de vida que hoje existe apenas nas propagandas de marketing veiculadas na mídia oficial do município.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

A Inserção do Idoso na Sociedade

Passamos nossas vidas trabalhando, nos dedicando ao mercado de trabalho, enfim, e contribuindo com nosso trabalho para uma sociedade melhor, pensando assim, no bem-estar coletivo, porém, pensando, também em nosso bem-estar individual, quando pensamos em ter uma ‘velhice’ confortável e sem preocupações.
A realidade que encontramos ao chegarmos à Terceira Idade, é bem diferente daquela que imaginamos ao longo de nossas vidas, mesmo para idosos que encontram-se em uma situação de vida um pouco mais favorável.
Segundo o IBGE, em 2010 10% da população era composta por idosos e a expectativa de vida no Brasil, chega a 73,4 anos.
Em 1980, a realidade era bem diferente, quando os idosos eram apenas 6% da população e a expectativa de vida, não ultrapassava os 62,6 anos.
Em 2020, ainda segundo o IBGE, a população idosa será de 15% da população e a expectativa de vida chegará aos 81,3 anos.
Esse estudo mostra que a partir de 2020 a pirâmide se inverterá, ou seja, ao invés de encontrarmos mais jovens na sociedade, como era o caso em 1980, encontraremos mais pessoas de meia idade e idosos.
Porém, o que temos feito atualmente para que nossa sociedade em geral, esteja preparada para uma população de maioria idosos?
O Estatuto do Idoso foi promulgado em Outubro de 2003, sob a Lei n°10.741 e dispunha sobre os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, assegurando direitos às pessoas com idade maior ou igual a 60 anos.
Mas hoje, 8 anos após a criação do Estatuto do Idoso, o que é posto em prática e o que pensa, realmente, o idoso sobre a sua situação e sobre seu lugar na sociedade?
A saúde é um ponto que preocupa a todos, independente de serem idosos.
Falamos, então, de um bem Universal, que deveria atender a todos de maneira igualitária e eficaz; e além disso, os idosos têm preferência nos atendimentos nas Instituições de Saúde em geral.
Experimentamos no Brasil, um sistema de saúde que serve de exemplo para os demais países do Mundo. Mas o que vemos, na realidade, são idosos que se preocupam quando pensam que têm de depender do Sistema Único de Saúde.
E por que essa preocupação?
Para 53% dos idosos, tornar-se mais velho, significa ter que lidar com doenças físicas, a ter mais cuidados com a saúde e a se deparar com a realidade do Sistema Público de Saúde.
A população idosa é a que mais depende do Sistema Público de Saúde, pelo fato dos valores abusivos cobrados por planos privados de saúde.
O Capítulo IV do Estatuto do Idoso, dita Do Direito à Saúde e traz no Artigo 15, inciso 3o , o seguinte: “É vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade.”
O artifício utilizado pelos planos de saúde, para que esses valores sejam diferenciados, visto que, em razão da idade o idoso passará a utilizar-se mais do mesmo, é reajustar o valor dois anos antes da pessoa em questão tornar-se idosa, ou seja, quando uma pessoa que paga por um plano de saúde completar 58 anos, o valor que esta paga por esse serviço praticamente triplica.
Imagine agora, uma pessoa que ganha um salário mínimo de aposentadoria, pagando por um plano privado de saúde.
Esses idosos, então, dependem do SUS para atendimento médico, para receberem medicamentos e muitas vezes, tratamentos até o final de suas vidas. E o que vemos, são idosos, que deveriam ter preferência de atendimento, ficarem horas para serem atendidos, muitas vezes de pé e ainda, não encontrarem os medicamentos os quais necessitam.
Os problemas não terminam por aí; além da saúde, encontramos problemas no sistema de transporte, onde 10% dos assentos são destinados a idosos, também assegurados por lei.
Mas mais do que ser assegurado por lei, encontra-se aí, a falta de cidadania das pessoas que insistem em ocupar assentos que sabem ser destinados a idosos e mesmo vendo idosos de pé, em ônibus ou trens lotados, não se levantam para que esses idosos possam se sentar.
Além disso, 5% das vagas de estacionamentos públicos e privados são destinadas aos idosos, para garantir, assim, a sua comodidade. E o que se vê, mais uma vez, é o desrespeito e a falta de cidadania de pessoas que ocupam essas vagas e ignoram as placas que advertem que aquelas vagas são destinadas a idosos.
Na área de urbanismo, no Estatuto do Idoso, fala-se sobre criação de projetos que eliminem barreiras arquitetônicas e criem mecanismos que possam viabilizar o acesso de idosos em equipamentos urbanos públicos.
Basta andar pelas ruas para vermos que nada é feito para que essas barreiras sejam minimizadas. Ruas de paralelepípedo, por exemplo, são os maiores vilões para idosos.
A lista de problemas é imensa e nos levaria a ficar discutindo teoricamente durante horas, identificando todos esses problemas.
Temos ainda os casos de abandono, de violência, de negligência, a não admissão de idosos em empregos por ser estipulada uma idade para admissão, a falta de eventos que tenham por público-alvo os idosos, etc.
Tudo isso apresentado no Estatuto do Idoso, tudo previsto por Lei.
Encontramos no Artigo 9o do Estatuto do Idoso:”É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas sociais públicas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de dignidade.”
Ou seja, é obrigação do Estado e também, da sociedade garantir ao idoso liberdade, dignidade, como sujeito de direitos civis, políticos e sociais.
O idoso perdeu seu direito de ir e vir, vejamos as barreiras arquitetônicas, perdeu sua participação na vida política, não tem tanto espaço para prática de esportes e lazer, enfim, perdeu em parte, sua participação no seio familiar, basta olharmos para os casos de abandono, entre tantas outras coisas que podemos listar.
Casos esses de abandono, que vale citar, são previstos como crime e podem levar a detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
A minha experiência pessoal com idosos me mostra que a grande maioria dos mesmos se enxerga como fardo para a família e para a sociedade; o que acarreta em problemas como a depressão. Mais da metade dos idosos dizem que os parentes acabam mesmo esquecendo-se deles.
Os idosos tornam-se excluídos sociais, se tornam invisíveis aos olhos da sociedade.
Pouco se produz, inclusive, quando o assunto é literatura. Pouco fala-se sobre a situação do idoso, poucas são as produções de especialistas sobre o tema.
A sociedade ainda não está preparada para o idoso. Mas o que tem sido feito para preparar a sociedade para o idoso? Qual o interesse por parte do Estado em preparar a sociedade para o idoso?
Enfim, nos resta uma pergunta: Se o Estatuto da Criança e do Adolescente é levado tão a sério, desde sua criação, por que o Estatuto do Idoso não tem o mesmo peso na sociedade?
Muitos trabalhos de conscientização deveriam ser feitos para mostrar a sociedade a importância do idoso para todos nós, muitos projetos deveriam ser criados, a fim de mostrar que o Estatuto do Idoso deve ter o mesmo peso, a mesma importância que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
A luta deve ser constante, para que o Estatuto do Idoso não termine por ser apenas mais uma Lei que não se faz cumprir.




terça-feira, 15 de março de 2011

A visão de uma JOVEM sobre os JOVENS

Sei que, para variar, muita gente vai ler esse post e vai achar que eu sou puritana ou que quero mudar o mundo ou que sou 'careta'... 
Mas, de verdade? Não me importo com críticas, cada um tem o direito de fazer o que quiser e de pensar o que quiser! 
Quando você pega o jornal ou uma revista ou assiste aos noticiários, muitos falam sobre os jovens, seu comportamento, seu mundo, gostos, enfim.
Porém, muitas dessas reportagens vêm de pessoas que não são mais assim, tão jovens e acabam por generalizar o que acontece no mundo jovem, tornam a imagem do jovem uma coisa só e esquecem que para toda regra existe uma exceção.
Por vezes, eu acredito ter nascido no tempo errado, quando olho o que acontece a minha volta e vejo o que esses mesmos jovens em questão, têm feito com as suas vidas (sem generalizar, é claro).
Minha cabeça é diferente da cabeça da maioria dos meus amigos, de pessoas com idade parecida com a minha..
Vamos exemplificar com um evento que acabou de acontecer: O Carnaval.
O Carnaval costumava ser esperado por todos por ser um período, primeiramente de descanso e por ser um período onde as pessoas podiam se divertir, dançar, sair em todos os blocos possíveis...
Hoje, a idéia de Carnaval é completamente diferente!
Vi milhões de pessoas planejando o Carnaval com meses de antecedência e juntando a maior quantidade de dinheiro possível para comprar a maior quantidade de bebidas que pudessem e depois tirar fotos e colocá-las em seus sites de relacionamento para que todos pudessem ver; como se isso fosse algum mérito.
Quando eu ia para rua para poder 'curtir' algum bloco, eu contava nos dedos as pessoas que estavam tomando água ou algum refrigerante.
E era de dar pena ver todos aqueles meninos bêbados, disputando para ver quantas mulheres eles conseguiriam agarrar e beijar. DEPLORÁVEL!
Qual o sentido de diversão hoje? Sair, beber, cair de tão bêbado e agarrar quantas pessoas puder?
Me desculpem, mas eu não vivo nesse mundo.
Já, já fui muito criticada por ser assim, já me perguntaram se eu era Evangélica, já falaram que eu era 'careta', já falaram que eu não sabia viver a vida...
Se viver a vida for isso, realmente, não sei vivê-la e agradeço por não saber vivê-la!
Sempre saí, sempre me diverti, sempre dancei, sempre ri horrores, mas nunca precisei disso.
Enxergo pessoas assim, como pessoas que têm vergonha de mostrar o que são e precisam usar algum tipo de artifício para justificar os erros que cometem.
Até bem pouco tempo atrás, contar aventuras sexuais era privilégio de homens, que se reuniam em grupinhos às segundas-feiras na Faculdade ou no trabalho e contavam todas as coisas sórdidas que haviam feito no final de semana.
Hoje, as meninas fazem o mesmo: Se reúnem e contam tudo que tem feito ou que deixam de fazer com parceiros ou com casos eventuais.
E depois, essas mesmas meninas querem ser respeitadas e sonham em encontrar alguém que fique com elas por toda vida; Enganam-se se pensam que os homens gostam de mulheres 'para frente'... Os homens são extremamente antiquados com relação a isso, eles curtem, eles saem, eles ficam com todas, mas na hora de ficar sério com alguém, eles querem uma menina de família. Isso nunca mudou e nem vai mudar.
Por que? Porque ele não quer sair na rua e ver outros homens falando que já saíram com a menina que está ao lado dele. Faz mal ao ego masculino.
O que eu sempre me pergunto é: Por que o jovem vive como se todos os dias fossem os últimos de suas vidas?
Hoje eu ouvi um menino falar: A vida passa rápido demais, a gente tem que fazer umas loucuras de vez em quando, se não, não tem nada para contar.
Eu tenho muitas coisas para contar e nunca precisei fazer nada que ferisse o que eu penso e muito menos, que envergonhasse os meus pais; até porque, na verdade, eu nunca me preocupei muito com o que aconteceria comigo se eu tomasse uma decisão errada, a minha preocupação era com o que meus pais iam pensar, a cara que eles iriam me olhar e a vergonha que eles poderiam sentir.
Acho que é isso que falta aos jovens de hoje: respeito àqueles que REALMENTE se importam com eles, que são seus pais. Mesmo sabendo que o sentido de família vem se perdendo.
Mas isso é assunto para um outro momento.
É momento de analisar o que será dos nossos futuros, o que queremos das nossas vidas...
Queremos mesmo ser vistos como uma geração perdida, promíscua e que só vai servir de mal exemplo?
Quando for nossa vez de sermos pais, será que teremos razão em dizer que 'não' aos nossos filhos depois de tudo isso que vamos ter feito, do que vamos deixar marcado no nosso passado?
O engraçado é que criticamos nossos pais e criticamos nossos amigos que não se enquadram no contexto 'louco' da coisa, mas quando temos a nossa família, fazemos exatamente como nossos pais e nossos amigos 'caretas' faziam.
Pensemos...

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Como Explicar o Amor

Um dia reuniram-se os sentimentos e as qualidades dos Homens num lugar da Terra.
Quando o Aborrecimento reclamou pela terceira vez, a Loucura, como sempre, tão louca, lhes propôs:
- Vamos brincar às “escondidas”?
A Intriga levantou a sobrancelha, intrigada, e a Curiosidade, sem poder conter-se, perguntou: Às escondidas? Como é isso?
- É um jogo - explicou a Loucura - em que eu fecho os olhos e começo a contar de um a um milhão enquanto vocês se escondem, e quando eu tiver terminado de contar, o primeiro que eu encontrar ocupará o meu lugar para continuar o jogo.
O Entusiasmo dançou seguido pela Euforia.
A Alegria deu tantos saltos que acabou por convencer a Dúvida e até mesmo a Apatia, que nunca se interessava por nada.
Mas nem todos quiseram participar…
A Verdade preferiu não se esconder. Para quê? Se no final todos a encontravam?
A Soberba referiu que era um jogo muito tonto (no fundo o que a incomodava era que a ideia não tivesse sido dela) e a Covardia preferiu não arriscar.
- Um, dois, três, quatro... - começou a contar a Loucura.
A primeira a esconder-se foi a Pressa, que como sempre caiu atrás da primeira pedra do caminho!
A Fé subiu ao céu e a Inveja escondeu-se atrás da sombra do Triunfo, que com o seu próprio esforço, tinha conseguido subir à copa da árvore mais alta.
A Generosidade quase não conseguia esconder-se, porque cada local que encontrava lhe parecia maravilhoso para algum dos seus amigos - se era um lago cristalino, ideal para a Beleza; se era a copa de uma árvore, perfeito para a Timidez; se era o voo de uma borboleta, o melhor para a Volúpia; se era uma rajada de vento, magnífico para a Liberdade. E assim, acabou por se esconder num raio de sol.
O Egoísmo, ao contrário, encontrou um local muito bom desde o início. Ventilado, cômodo, mas apenas para ele.
A Mentira escondeu-se no fundo do oceano (mentira! Na realidade, escondeu-se atrás do arco-íris) e a Paixão e o Desejo no centro dos vulcões.
O Esquecimento, não se recorda onde se escondeu, mas isso não é o mais importante.
Quando à Loucura estava já no 999 999!
O Amor ainda não tinha encontrado um local para se esconder, pois todos já estavam ocupados, até que encontrou um roseiral e, carinhosamente, decidiu esconder-se entre as suas flores.
- Um milhão - contou a Loucura, e começou a procurar.
A primeira a aparecer foi a Pressa, apenas a três passos de uma pedra. Depois, escutou-se a Fé a discutir com Deus no céu sobre zoologia.
Sentiu-se vibrar a Paixão e o Desejo nos vulcões.
Num descuido encontrou a Inveja e, claro, pôde deduzir onde estava o Triunfo.
O Egoísmo, nem teve que procurar, porque ele, sozinho, saiu disparado do seu esconderijo, que na verdade era um ninho de vespas.
De tanto caminhar, a Loucura sentiu sede e, ao aproximar-se de um lago, descobriu a Beleza.
A Dúvida foi mais fácil ainda, porque a encontrou sentada sobre uma cerca sem decidir de que lado esconder-se.
E assim os foi encontrando a todos…
O Talento entre a erva fresca. A Angústia numa cova escura.
A Mentira atrás do arco-íris (mentira! Estava no fundo do oceano.) e até o Esquecimento, que já tinha esquecido que estava a brincar às escondidas.
Apenas o Amor não aparecia em nenhum local!
A Loucura procurou atrás de cada árvore, debaixo de todas as rochas do planeta e em cima das montanhas. Quando estava a ponto de dar-se por vencida, encontrou um roseiral. Pegou uma forquilha e começou a mover os ramos, quando no mesmo instante, escutou-se um doloroso grito. Os espinhos tinham ferido o Amor nos olhos!
A Loucura não sabia o que fazer para se desculpar: chorou, rezou, implorou, pediu perdão e até prometeu ser a sua guia.
Desde então, desde que pela primeira vez se brincou às escondidas na Terra: o Amor é cego e a Loucura sempre o acompanha