quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A Arte da Escrita

Aprendemos na Escola, ainda muito novos que escrever é realmente uma arte, aprendemos ainda que escrever é produzir e emitir ideias por meio de um assunto concreto, usando canais de comunicação que facilitam o entendimento do receptor.
Durante os anos de colégio, sempre que o assunto era redigir um texto, alguém fazia careta, olhava torto, fazia bico... Enquanto alguns, maravilhavam-se com a ideia de ter que escrever, de mergulhar em algum mundo desconhecido, imaginário e se perder ali.
O escritor apaixona-se ainda nessa fase por essa arte milenar e carrega essa paixão até findar sua vida terrena.
Descobre-se assim, que escrever não é apenas produzir e emitir ideias, escrever é viajar em um Universo paralelo, encontrar, explorar, descobrir novos lugares... Escrever é ajudar alguém com as suas palavras, pois elas sempre tocam o coração das pessoas de alguma maneira!
Dizem que os escritores são, normalmente, pessoas solitárias, deprimidas, de poucos amigos, de muitos amores que não deram certo... Em parte, isso é real sim!
Imaginemos: um local de festa, onde todos estão rindo, brincando, pulando e cantarolando... Será que esse é o lugar ideal para você escrever um conto sobre uma paixão avassaladora, por exemplo?
Escrever é, de verdade, um momento de reclusão, onde o autor precisa de um espaço pacífico, silencioso e a sós com seus próprios pensamentos, para poder produzir algo que toque o coração de alguém; afinal de contas, a mensagem subliminar por trás de cada texto, é a de tocar alguém, fazer com que alguém se identifique com o que você está redigindo.
Por conta disso, aquele que escreve é visto como antissocial, estranho, excluído socialmente; aquele que sofre e faz de suas perdas uma novela mexicana e as transforma em contos.
Os melhores textos, dos maiores autores já conhecidos, foram redigidos em momentos de crise em suas vidas; é da dor que nascem as mais belas poesias, as mais belas palavras...
Quando vemos o quão desvalorizada está nossa língua e o quanto as pessoas estão se afastando dessa arte - da arte da leitura inclusive -, a tristeza é muito grande.
Por que nossas crianças não são influenciadas a ler? E eu não digo somente os livros didáticos do colégio, aqueles super conhecidos que todos temos que ler; falo de uma dinâmica diferente, onde as crianças seriam influenciadas a escolherem algum livro, qualquer livro e não que fossem impostas a ler algo.
Ao chegar na Universidade, você percebe a lacuna deixada por sua formação básica, no momento em que você necessita ler diversos textos para aprender realmente a profissão escolhida ou que você necessita produzir um trabalho Universitário ou mesmo fazer uma prova. A dificuldade é enorme e por que? Porque você não tem e nunca teve o hábito de ler e muito menos teve o hábito de praticar a escrita.
Vejo a escrita - o amor pela mesma - e a leitura como privilégio de poucos: é uma dádiva ter ideias que se transferem para o papel e atingem a várias pessoas, independente se elas gostem ou não ou concordem ou não com aquilo que você está escrevendo; é uma dádiva amar as palavras a ponto de 'devorar' um livro por semana e ter milhões de livros de poesia espalhados pela casa, recorrendo a eles sempre que necessário, por saber que sempre tem uma poesia ali que marca cada fase da sua vida.
A todos os meus amigos escritores, eu digo: agradeçam por esse dom que lhes foi dado e usem com sabedoria, causando os mais variados tipos de sentimentos naqueles que vão ler; ainda que sejam sentimentos ruins, serão sentimentos e isso é sinal de que você está usando seu dom da maneira correta, até porque o verdadeiro prazer é escrever, a leitura dos demais também é prazerosa, porém é um prazer mais superficial. Agradeçam ainda pelo amor e devoção que vocês têm às palavras e elas sempre lhes serão gratas por isso.
Termino com uma citação de Gabriel Perissé, que diz muito sobre aqueles que escrevem e aqui eu me incluo:
"Escrever é vício, é adiar a morte, é 'um ócio trabalhoso', como disse Goethe.
Escrever é fugir, é voltar, é abrir uma janela, é fechar-se em casa, é queimar a casa, é reconstruir a casa, é pregar-se na cruz, é ressuscitar, é recriar o mundo.
Escrever nos torna mais humanos. Nem por isso mais virtuosos. Escrever é roer os ossos do medo. Repudiar a felicidade como facilidade. É inspirar-se quando não há inspiração. É pintar, musicar, teatralizar, filmar, esculpir, dançar."

6 comentários:

  1. Simplesmente fantástico! Lí duas vezes de tão bom que é o texto. Me fez viajar no tempo, rs.

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    1. Num é amigo? Fiquei pensando na nossa época de CEV, quando a gente começou a desenvolver nosso gosto por essas viagens! rs

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  2. Absurdamente ótimo huahuahau...sou apaixonada por escrever, escrevo as minhas dores, meus amores, meus amigos...só não posto, escrevo em folhas soltas, em momentos que não tenho ninguém pra conversar ou em momentos que as palavras faltam e o pensamento vai longe. Sabe q curto muitos "ler um pouco de você" por aqui. Beijos e parabéns!!!

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    1. Escrever sempre foi a minha paixão...
      Tanto que durante algum período da minha vida, eu me expressava melhor escrevendo do que falando...
      Demorei a superar isso! rs
      Brigada meeeeeesmo por curtir o que eu escrevo, linda.
      Beijos

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  3. "O poeta é um fingidor.
    Finge tão completamente
    Que chega a fingir que é dor
    A dor que deveras sente.
    E os que lêem o que escreve,
    Na dor lida sentem bem,
    Não as duas que ele teve,
    Mas só a que eles não têm.
    E assim nas calhas de roda
    Gira, a entreter a razão,
    Esse comboio de corda
    Que se chama coração."


    Talvez o escritor (poeta ou não) seja um mágico...entenda essa poesia! Ele não somente inventa a dor como ele faz com que as pessoas sintam o que o personagem está sentindo, por mais que ela não exista.
    Se o poeta consegue transmitir isso, imagina criar uma felicidade em um papel?Um personagem que de tão feliz que é transmite toda uma felicidade a quem o lê? no mundo em que vivemos, precisamos ou não precisamos disso?Dessa felicidade criada para contagiar as pessoas e daí se transformar em uma realidade?
    Escrever deixou de ser arte e passou a ser algo divino, algo aquém a nossas percepções, aos nossos sentidos, ao nosso entendimento! Escrever é maravilhoso (até quando se escreve besteira rsrs)
    É uma pena que o escritor, no Brasil, não seja tão valorizado (a não ser quando, morre pois aí não serão pagos os direitos autorais! sai mais barato esperar um gênio morrer)
    Mas é isso aí...escrever é muito bom!

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    1. Escrever bem é de família mesmo, né? Rs
      É uma lástima nós escritores e eu me incluo mesmo nisso porque me sinto atingida, não sermos reconhecidos pelo que fazemos.
      A gente cria todo um Mundo especial, que faz as pessoas saírem pelo menos um pouco do caos em que vivem, da realidade louca que as assola.
      Deveríamos ter mais valor, de verdade...

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