segunda-feira, 23 de maio de 2011

Catástrofes Naturais

Quando somos mais jovens, sim ainda mais jovens do que somos hoje, temos tantas aspirações e sonhos e vontades e desejos...
Obviamente, dentre essas vontades e sonhos, encontra-se a vontade de apaixonar-se, de encontrar alguém e passar toda uma vida juntos; viver uma relação como era a dos nossos avós ou dos nossos pais ou até mesmo daqueles vizinhos que pareciam sempre ter visto passarinhos verdes todas as manhãs.
E quando falavam do amor com você, falavam maravilhas sobre ele: diziam que era especial, que o momento de encontro com a pessoa amada era mágico ou que ouviam-se sinos ao beijar alguém especial...
Eram tantas coisas e nós acreditávamos em tudo isso, fazíamos disso a nossa maior verdade e assim, alimentávamos ainda mais o sonho de conhecer o famoso ‘Príncipe Encantado’ (aqui falando das meninas).
As mulheres, em especial, sonham em encontrar um cara carinhoso, atencioso, bonito, que sempre as olhe como se fosse a primeira vez, que as conquiste todos os dias, a cada gesto e a cada palavra carinhosa...
Dia desses, uma amiga disse que procurava um cara hétero, rico, carinhoso, inteligente, fiel, companheiro, bonito e com pouco tempo de uso (além de tudo, viramos automóveis?).
Sim, ela busca o impossível!
Aí se encontra o grande erro do ser humano com relação ao amor: crescemos, mas não abandonamos nossos sonhos e ilusões de criança.
E não falo em ilusão de criança por achar que nenhum homem possa ter todas essas qualidades. Mas porque passamos a vida procurando por alguém que não existe, porque a pessoa perfeita, aquela que existe nos nossos sonhos, não existe!
O amor não é tudo aquilo que nos contavam quando éramos crianças, mas em nosso âmago, ainda esperamos que ele seja daquela maneira que nossas avós nos falavam.
Acredito que maior ainda do que não abandonarmos nossos sonhos de criança, seja o fato de depositarmos a nossa felicidade em outra pessoa; a única pessoa capaz de fazer você feliz, é você mesmo.
Acabamos criando expectativas demais e depositando em alguém, que por diversas vezes, não está preparado para tal e nos frustramos.
O amor (não falo aqui de todo tipo de amor), por si só já é um desastre: um desastre de sentimentos, principalmente. E por conta disso, tudo que o envolve, acaba tornando-se um desastre ainda maior, formando assim a conhecida ‘bola de neve’.
Fato é, que quando nos apaixonamos por alguém, não estamos maduros o suficiente, mas acreditamos estar preparados para toda aquela chuva de sentimentos e de problemas que vêm juntamente com o relacionamento.
De repente, vemos tudo dar errado, sem saber que caminho seguir, sem saber onde pedir ajuda e nos vemos ‘tentando fazer dar certo’.
Ora, se você chegou na fase de ‘tentar fazer dar certo’, é a hora de pular fora dessa canoa furada. E aí mora nossa falta de perspicácia.
Muitas vezes, relacionamentos que costumavam ser ótimos, começam a naufragar e as duas pessoas envolvidas, ficam ‘tentando fazer dar certo’ e acabam tornando-se os piores inimigos do mundo.
Será que se, existisse esse olhar diferente e essas pessoas dissessem: ‘Esse é o meu limite! Daqui eu não sigo mais’, o desastre pudesse ser menor?
Talvez sim! Mas só saberíamos se pudéssemos colocar isso em prática e na verdade, não podemos.
E não podemos não por sermos incapazes, mas porque não acreditamos que podemos ser felizes sozinhos.
A melhor pessoa do mundo pra você, é você mesmo e ainda assim, em alguns momentos você se trai, se engana, se negligencia, por que, então, outra pessoa que não tem ligação nenhuma com você, faria diferente?
O amor sempre vai ferir, sempre vai enganar, sempre vai fazer sofrer, em um momento ou outro. Resta saber conviver com isso ou então, esquecer que esse sentimento existe e aprender a viver só.
Reclamar, esbravejar e dizer que não tem sorte, não vai levar ninguém a um caminho diferente, só vai fazer com que as pessoas cansem te ouvir e se afastem.
Você só vai traçar um caminho diferente, se quiser que seja diferente!
Aprender a defender-se é o que devemos fazer; armar-se contra o que não nos faz bem e contra quem não nos faz bem.
Como dizia Renato Russo: “Sou tão cínico às vezes, mas o tempo todo estou tentando me defender.”
Esse é o retrato de alguém que foi machucado, ferido, magoado, mas que aprendeu a conviver com a dor e usou as pedras do caminho para construir uma muralha intransponível.
Não digo fechar-se para o mundo, mas aprender a lidar com sentimentos que, na verdade, pouco conhecemos.
Armar-se, defender-se, conhecer-se... Isso não impedirá que furacões, terremotos e tsunamis passem pela sua vida, mas fará com que sejam bem menos devastadores.


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