Passamos o tempo inteiro ouvindo tantas recomendações com
relação ao amor e nos julgamos completamente entendidos do assunto, até que ele
acontece, até que ele chega... Chega e percebemos que não sabemos lidar com
esse turbilhão de sentimentos e com tanta informação: o amor vem acompanhado de
tantos outros sentimentos e se mal conseguimos administrar o próprio amor, como
administrar ansiedade, angústia, medo, ciúme...?
Não, amar não é de todo ruim, pelo contrário: te faz sentir
como criança; te faz sentir mais vivo;
sorrir nas horas mais impróprias; faz os planos terem sentido; faz a
procura por novidades para contar pro outro no fim do dia, ser extasiante e
permanente... Também te faz um ouvinte melhor; te torna mais paciente; mais
tolerante; mais humano...
Olhar para alguém e sentir que é aquela pessoa, é um
privilégio de poucos; olhar pra alguém pela primeira vez e sentir a mesma
coisa, é dádiva de pouquíssimos.
Sim, amor a primeira vista existe e almas afins também. Isso
sendo afirmado pela pessoa que menos acreditava no Mundo que pudesse ser real.
Ficar longe da sua metade após tê-la encontrado, te faz
ficar perdido como se fosse só mais um em meio a bilhões de pessoas, quando um
dia, já se sentiu a pessoa que mais brilhava no globo terrestre; saber que
talvez o afastamento tenha um motivo maior e que talvez você nunca entenda –
mas ainda assim, aceita –, é sinal de sabedoria; entender e deixar o outro
partir, mesmo sabendo que os dois sofrem, é amor em sua forma real; não
conseguir seguir em frente e sofrer de saudade, ainda que passado muito tempo,
não mostra somente que a vida quer os dois juntos, mas também que no intimo,
ainda existe esperança...
E que bom que essa esperança ainda habita o coração, mostra
o quão forte e verdadeiro é esse sentimento e quando chegar ao fim, ainda que
nada saia como imaginado, apesar da decepção e da possível mágoa e da marca que
ficará, não importa! No final das contas “o pior não é não conseguir, é
desistir de tentar”.
Deixemos de ser apenas metade e passemos a existir de
verdade: que nosso medo do amanhã, nunca nos impeça de tentar e de lutar pelo
que queremos e por quem queremos.