sábado, 26 de fevereiro de 2011

Como Explicar o Amor

Um dia reuniram-se os sentimentos e as qualidades dos Homens num lugar da Terra.
Quando o Aborrecimento reclamou pela terceira vez, a Loucura, como sempre, tão louca, lhes propôs:
- Vamos brincar às “escondidas”?
A Intriga levantou a sobrancelha, intrigada, e a Curiosidade, sem poder conter-se, perguntou: Às escondidas? Como é isso?
- É um jogo - explicou a Loucura - em que eu fecho os olhos e começo a contar de um a um milhão enquanto vocês se escondem, e quando eu tiver terminado de contar, o primeiro que eu encontrar ocupará o meu lugar para continuar o jogo.
O Entusiasmo dançou seguido pela Euforia.
A Alegria deu tantos saltos que acabou por convencer a Dúvida e até mesmo a Apatia, que nunca se interessava por nada.
Mas nem todos quiseram participar…
A Verdade preferiu não se esconder. Para quê? Se no final todos a encontravam?
A Soberba referiu que era um jogo muito tonto (no fundo o que a incomodava era que a ideia não tivesse sido dela) e a Covardia preferiu não arriscar.
- Um, dois, três, quatro... - começou a contar a Loucura.
A primeira a esconder-se foi a Pressa, que como sempre caiu atrás da primeira pedra do caminho!
A Fé subiu ao céu e a Inveja escondeu-se atrás da sombra do Triunfo, que com o seu próprio esforço, tinha conseguido subir à copa da árvore mais alta.
A Generosidade quase não conseguia esconder-se, porque cada local que encontrava lhe parecia maravilhoso para algum dos seus amigos - se era um lago cristalino, ideal para a Beleza; se era a copa de uma árvore, perfeito para a Timidez; se era o voo de uma borboleta, o melhor para a Volúpia; se era uma rajada de vento, magnífico para a Liberdade. E assim, acabou por se esconder num raio de sol.
O Egoísmo, ao contrário, encontrou um local muito bom desde o início. Ventilado, cômodo, mas apenas para ele.
A Mentira escondeu-se no fundo do oceano (mentira! Na realidade, escondeu-se atrás do arco-íris) e a Paixão e o Desejo no centro dos vulcões.
O Esquecimento, não se recorda onde se escondeu, mas isso não é o mais importante.
Quando à Loucura estava já no 999 999!
O Amor ainda não tinha encontrado um local para se esconder, pois todos já estavam ocupados, até que encontrou um roseiral e, carinhosamente, decidiu esconder-se entre as suas flores.
- Um milhão - contou a Loucura, e começou a procurar.
A primeira a aparecer foi a Pressa, apenas a três passos de uma pedra. Depois, escutou-se a Fé a discutir com Deus no céu sobre zoologia.
Sentiu-se vibrar a Paixão e o Desejo nos vulcões.
Num descuido encontrou a Inveja e, claro, pôde deduzir onde estava o Triunfo.
O Egoísmo, nem teve que procurar, porque ele, sozinho, saiu disparado do seu esconderijo, que na verdade era um ninho de vespas.
De tanto caminhar, a Loucura sentiu sede e, ao aproximar-se de um lago, descobriu a Beleza.
A Dúvida foi mais fácil ainda, porque a encontrou sentada sobre uma cerca sem decidir de que lado esconder-se.
E assim os foi encontrando a todos…
O Talento entre a erva fresca. A Angústia numa cova escura.
A Mentira atrás do arco-íris (mentira! Estava no fundo do oceano.) e até o Esquecimento, que já tinha esquecido que estava a brincar às escondidas.
Apenas o Amor não aparecia em nenhum local!
A Loucura procurou atrás de cada árvore, debaixo de todas as rochas do planeta e em cima das montanhas. Quando estava a ponto de dar-se por vencida, encontrou um roseiral. Pegou uma forquilha e começou a mover os ramos, quando no mesmo instante, escutou-se um doloroso grito. Os espinhos tinham ferido o Amor nos olhos!
A Loucura não sabia o que fazer para se desculpar: chorou, rezou, implorou, pediu perdão e até prometeu ser a sua guia.
Desde então, desde que pela primeira vez se brincou às escondidas na Terra: o Amor é cego e a Loucura sempre o acompanha

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Exploração do Trabalho Infantil

O trabalho infantil está presente desde os primórdios de nossa sociedade. Passando por momentos onde as crianças pareciam ter mais direitos e momentos onde esses direitos eram postos em cheque.
Em 1973, a Organização Internacional do Trabalho, fixou como idade mínima recomendada para o trabalho infantil, a idade de 16 anos, porém admitia-se que, em países mais pobres, crianças com idade mínima de 14 anos trabalhassem.
Existe uma realidade muito mais perversa por trás do trabalho infantil; as crianças eram colocadas para trabalhar, pois eram mão de obra barata e além disso, por serem mais jovens, tinham mais vigor físico, o que fazia com que as fábricas pudessem produzir mais em menos tempo. Porém, essas crianças laboravam sem qualquer proteção e em jornadas exaustivas, como se fossem adultos.

“(...) Tornando supérflua a força muscular, a maquinaria permite o emprego de trabalhadores sem força muscular ou com desenvolvimento físico incompleto, mas com membros mais flexíveis. Por isso, a primeira preocupação do capitalista, ao empregar a maquinaria, foi a de utilizar o trabalho das mulheres e das crianças. (...) [Entretanto,] a queda surpreendente e vertical no número de meninos [empregados nas fábricas] com menos de 13 anos [de idade], que freqüentemente aparece nas estatísticas inglesas dos últimos 20 anos, foi, em grande parte, segundo o depoimento dos inspetores de fábrica, resultante de atestados médicos que aumentavam a idade das crianças para satisfazer a ânsia de exploração do capitalista e a necessidade de traficância dos pais.”
(MARX,1867,451 e 454).


Foi no período da produção manufatureira, que vimos ser potencializado o emprego do trabalho infantil, onde a legislação conseguia ser burlada.
A Constituição de 1988, foi um avanço em muitos sentidos, inclusive quando falamos do tripé Assistência, Seguridade e Saúde. Além disso, dita sobre a proibição do trabalho infantil, porém sem nenhuma punição criminal para aqueles que desobedecem à legislação.
Através das brechas presentes em nossa Constituição, o empregador pode não sofrer sanção penal e nem ter que pagar uma multa trabalhista, visto que o Artigo 7 prevê a proibição de qualquer trabalho a menores de 14 anos, porém abre exceção àquele que se encontra em condição de aprendiz.
A questão do menor, vem sendo discutida há anos. Decretos foram criados a fim de tornar legal o trabalho infantil, mas o que parecia não ser entendido, era o fato de que essas crianças não deveriam estar trabalhando em fábricas, em carvoarias ou na agricultura, enfim. Essas crianças deveriam ter direitos, direitos específicos e deveriam estudar, serem crianças realmente. Desde muito cedo as mesmas começavam a trabalhar, porque eram vistas como adultos menores e não como crianças.
Passamos por períodos onde a questão do menor foi considerada um caso religioso, onde a Igreja prestava auxílio a crianças órfãs ou expostas; períodos onde foi considerada um caso filantrópico que se sobrepunha aos auxílios caritativos, passando a sistematização. Houve ainda um período em que foi considerada como questão de segurança nacional e tratada como caso de polícia, onde foram criadas instituições onde os menores deveriam ser internados. Tomamos como exemplo a criação da FUNABEM; e por fim, um período que perdura até os dias de hoje, com a inserção na Constituição de 1988 sobre os direitos da infância e da juventude, que foi a gênese para a criação do ECA em 1990.
O IBGE estimou em 2003, cerca de 5 milhões de crianças e jovens na idade entre 5 a 17 anos que possuem alguma atividade remunerada, em detrimento da lei que proíbe trabalho para menores de 16 anos. O universo de trabalhador-mirins pode ser muito maior que os números possam registrar uma vez que não é possível coletar dados satisfatoriamente das inúmeras fazendas e pequenas oficinas de trabalho escravo escondidos e espalhados pelas diversas regiões do país.
Não é possível combater sistematicamente o trabalho infantil apenas com bom-mocismo e uma cesta de políticas pífias como as tais “bolsas-auxílio-alguma-coisa” (ou melhor, bolsa de perpetuação da miséria!) e fiscalização frouxa (aliás, quando existe alguma fiscalização com um número de fiscais irrisórios para o quadro nacional!). 
No caso do Brasil, os números governamentais podem ter algum declive, mas jamais teremos uma erradicação completa do trabalho infantil. Na prática, em nenhum lugar do mundo onde existe superexploração do trabalho infantil terá mudança substancial sem abalar estruturalmente o sistema capitalista que o alimenta e reproduz repetitivamente de forma quase perpétuo.
O trabalho infantil das crianças brasileiras é um bom exemplo de uma verdadeira vergonha da humanidade, entre tantas outras misérias em nome da disputa incomensurável pelos lucros, que produz uma acumulação de bens e capital com o suor, lágrimas e dedos estourados desse enorme continente populacional de escravos-mirins.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Traição/Infidelidade

"Infidelidade é o descumprimento de um compromisso de fidelidade. É uma violação de regras e limites mutuamente acordados em um relacionamento. Em sua acepção mais comum, a fidelidade é manter relações amorosas somente com uma pessoa que é sua parceira ou parceiro."


Começo esse post com uma pergunta: você perdoaria uma traição?
Bom, eu não.
E assim, faço outra pergunta: Por que as pessoas são infiéis?
Eu fui criada num mundo que parece ser paralelo ao das pessoas que eu conheço, já que a grande maioria das pessoas ao meu redor, considera traição algo normal.
A citação acima diz que fidelidade é manter relações amorosas somente com uma pessoa ou parceiro, por que não conseguimos (sim, generalizando), nos contentar com somente um relacionamento? Por que parece que a traição está cravada em nosso âmago?
Em que parte da história foi dito que trair é algo natural e que pode acontecer, quase que por acidente?
Quando você realmente ama alguém e acima disso, respeita esse mesmo alguém, só essa pessoa te basta, você não vê necessidade de olhar para mais ninguém e nem vontade de estar com outra pessoa, porque quem está ao seu lado, te completa, soma...
Sim, sou daquelas que acredita que a pessoa que trai, não ama e sim, sou criticada por pensar assim.
Já ouvi coisas do tipo: "Eu traio minha esposa só porque nós moramos longe um do outro, passamos muito tempo longe e eu me sinto sozinho. Mas eu amo muito a minha esposa."
Não, você não ama sua esposa. Quem você quer enganar?
O casamento costumava ser algo sagrado; parece que todos os valores estão sendo deixados para trás.
A relação extra conjugal sempre foi algo comum (mesmo assim, erradp), no Universo masculino. O homem sempre teve necessidade de auto afirmação e quase que por instinto animal, costumava ter mais de uma parceira. Mas em algum lugar do caminho, o qual não sei precisar, a mulher se achou no direito de fazer o mesmo, de começar a agir como homem.
Queremos espaço sim nessa sociedade machista, mas será que é desse jeito que seremos respeitadas?
A mulher quer ser reconhecida, quer ser vista e quer se fazer diferente do homem e superior a ele, mas será que ao trair e ser infiel, ter milhões de parceiros e desrespeitar a pessoa que está ao seu lado, ela está sendo superior? E ainda tem a capacidade de vir com a história de que "homem só muda de endereço", "homem não vale nada"... Mas o que estão 'valendo' as mulheres?
Uma pesquisa feita em uma Universidade de Londres comprovou que homens e mulheres com QI mais alto têm menos tendência a trair seus parceiros. Então, dá para concluir que a traição tem relação com inteligência, com evolução, certo?
Eu me questiono se quem trai, já foi traído em algum momento, se descobriu a traição. Posso garantir que é a pior sensação do mundo.
Você constrói sonhos e aspirações em torno de alguém que ama e saber que foi traído (a), destrói quaquer coisa e qualquer pessoa, por mais forte que seja; você se sente reduzido a quase nada, se sente trocado como se fosse uma mercadoria e não consegue parar de se perguntar onde foi que errou.
Você não errou! A pessoa ao seu lado não sabia amar.
Trair por que, ser infiel por que? Se o seu relacionamento está ruim, uma traição não vai fazer melhorar!
Essa desculpa é a pior de todas, sem dúvidas!
Eu olho o Mundo e as pessoas e, de verdade, não consigo ficar a vontade ao pensar em quais valores vamos deixar para as gerações futuras!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

O Óbvio

Por que é tão difícil para nós prestar atenção às coisas que estão na nossa frente; ou como diz a sabedoria popular: as coisas que estão na "nossa cara"?
Será que por ser óbvio demais não damos importância ou por que é fácil, ficamos desconfiados, pelo fato de estar ali ao alcance das mãos?
A verdade é que o ser humano é propenso a gostar do difícil, do que é inatingível, do impossível e do que mais faz sofrer. 
O caminho para o impossível, gera expectativa, gera sonhos, gera desejos... E por fim, frustrações! 
Posso exemplificar para ser mais fácil de ser compreendido: passamos a vida procurando felicidade plena, mas procuramos em coisas grandiosas e externas à nós e deixamos de procurar no lugar mais óbvio: dentro de nós.
A felicidade plena só existe em nosso interior e nós precisamos aprender a colocá-la para fora. A felicidade não é algo externo a nós; o que nos é externo, nos traz felicidade momentânea e nos faz acreditar que "felicidade não existe, o que existe são momentos felizes".
Felicidade existe sim! Só que não podemos esperar que ninguém seja feliz por nós ou que alguém nos ensine a ser felizes, e ninguém é capaz de nos fazer felizes. Quem acredita que é feliz porque outra pessoa o faz feliz, tem grandes chances de levar um tombo. Os únicos capazes de nos fazer felizes, somos nós mesmos, ninguém mais.
Um outro exemplo é a nossa procura eterna pelo amor verdadeiro.
Passamos a vida procurando felicidade, mas passamos a Eternidade procurando pelo amor.
Mas o básico para amar alguém, nós nunca fazemos.
Eu posso perguntar a qualquer pessoa, já esperando a resposta: quem de nós se ama realmente? 
Poucas são as pessoas que dirão que se amam.
Ora, se não nos amamos e não nos respeitamos, como esperamos que alguém nos ame e nos respeite?
Um famoso escritor uma vez disse que todos os dias, deveríamos praticar o seguinte exercício: pegar um espelho e dizer "eu te amo"; assim, uma hora ou outra, aprenderemos a nos amar.
Mas será assim, tão difícil amar a si mesmo? Somos capazes de amar pessoas, animais, lugares, cheiros e até objetos, mas não conseguimos nos amar. É uma incongruência. 
Mas enfim, voltemos a falar sobre nossa eterna busca pelo amor...
 Mais uma vez, concluo ser algo óbvio. E por quê?
Simples: pense num amor que você já teve na vida, mesmo que não tenha dado certo. Feito isso, pense em todos os lugares onde você procurou antes de encontrar essa pessoa. Procurou bastante e em diversos lugares, certo? E essa pessoa estava onde? O mais próximo possível de você, com certeza.
Era um amigo, um conhecido, alguém que trabalhava perto da sua casa, mas que por algum motivo, você nunca olhou com outros olhos ou que nunca enxergou de maneira diferente, até um dia, seu coração bater de maneira diferente por esse alguém ou por ter passado a enxergá-lo.
Exercitar nosso amor próprio é o primeiro passo, inclusive para encontrar a tal felicidade que tanto buscamos.
Já passou da hora de pararmos de depender de outras pessoas para podermos ser felizes de verdade.
O segundo passo, é passar a prestar atenção nas pequenas coisas, àquelas que consideramos sem valor e prestar atenção às pessoas a nossa volta. Tem sempre alguém por perto, que vai fazer diferença. SEMPRE!
Temos que parar com essa busca desenfreada por tudo e em lugares inusitados. 
O que mais queremos, encontramos nos lugares mais óbvios!